Um assunto pouco conhecido da população, mas que é muito estudado pela Endocrinologia é sobre a Mulher XY, um tema que nada tem a ver com apologia LGBT, referem-se às DDSs (Diferenças no Desenvolvimento Sexual).

Meu mestrado foi realizado dentro de ambulatório especializado em DDSs da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e posso falar com propriedade sobre o tema.

Você sabia que existem mulheres que, geneticamente, são XY? Isso decorre de insensibilidade androgênica, ou seja, ação apenas parcial ou ausente da testosterona.

Vou explicar sobre a insensibilidade androgênica na sua forma completa (antiga síndrome de Morris), que tem prevalência de 2 a 5 pessoas a cada 100.000 indivíduos XY:

Uma pessoa que geneticamente é XY desenvolve suas gônadas em testículos. Estes produzem os hormônios AMH e testosterona. Na presença de mutações genéticas específicas, o receptor onde a testosterona se ligaria habitualmente não funciona. O AMH funciona normalmente.

Assim, por ação do AMH essa pessoa não terá útero, nem tubas uterinas e não desenvolverá a porção mais interna da vagina.

Pela falta de ação da testosterona, sua genitália é completamente feminina (apenas com vagina curta), podendo ou não, na região inguinal, serem encontradas as gônadas. Também não apresentará pelos na puberdade. Mas lembre-se que ela produz normalmente testosterona. O excesso de testosterona é transformado em estrógeno e haverá desenvolvimento mamário. O crescimento em estatura também é maior que de uma pessoa XX.

Assim, essas mulheres apesar de geneticamente XY não recebem nenhuma ação da testosterona. São altas, com genital típico feminino, não desenvolvem pelos axilares ou pubianos, desenvolvem mamas, porém não têm útero e, portanto, não menstruam e são inférteis. Acabam tendo diagnóstico tardio ao não menstruarem ou por terem dor na relação sexual, ou ainda por serem inférteis.

O endócrino é o médico especialista dessa condição, que merece acompanhamento médico.

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